Nova consciência



Paulo Omar

Artigo escrito por Adhira Madhumalati - especialista em tecnologia do jornal OMNIA.

Depois que o homem começou a colonizar outros planetas, muita coisa mudou aqui na Terra, como todos sabemos.

Os avanços científicos trazidos pela corrida espacial e pelas inúmeras descobertas em todos os  campos científicos, possibilitadas por viagens a outros mundos, alteraram substancialmente diversos aspectos de nossa vida cotidiana. Mas até que ponto podemos avançar em nossos experimentos tecnológicos sem que estes se tornem uma ameaça a nós mesmos?

Provavelmente em alguns meses, estejamos prestes a assistir a uma das maiores revoluções tecnológicas de nossa história, revolução essa que pode trazer um grande debate sobre os limites éticos na explosão do avanço tecnológico e científico que experimentamos nos últimos tempos.

Acredito que todos tenham ouvido falar do estranho material enviado do planeta Malala, recebido pela Universidade Internacional das Nações Unidas (UINU) há cerca de duas décadas, o famoso aço parafásico. Esse material (composto principalmente por Torstênio, elemento semelhante ao Tório, mas estranhamente não radioativo) foi apelidado com esse nome por Thorsten Bernhard e sua equipe, por ter a estranha característica de apresentar campos magnéticos variáveis (num padrão, ao que parece, totalmente aleatório) e ter campos distintos, em termos de sincronia, dentro e fora do material. Pois bem, esse estranho material promete possibilitar a criação daquilo que podemos chamar de
“consciência eletrônica”.

Uma equipe dos mais renomados cientistas da UINU, chefiados por Karl Kasper (Engenharia Robótica), Reyansh Talan (Neurociência) e Andrzej Petroski (Inteligência Artificial), apresentou ontem o primeiro protótipo do seu mais novo sistema. Eles têm trabalhado há quatro anos neste novo cérebro eletrônico que usa as propriedades do aço parafásico para implementar o mais recente modelo computacional desenvolvido no Instituto de Matemática da UINU, a Máquina Andries-Adria, que promete superar o potencial computacional do modelo Máquina de Turing, usado até hoje. Esse novo modelo apresenta como possível a simulação da consciência humana.

“Uma consciência desenvolvida é capaz de enxergar qualquer sistema formado de partes como um sistema único, isso é o que permite ao ser humano tomar decisões não previamente planejadas”, afirma o neurocientista Reyansh Talan. - “Nos últimos cinquenta anos, perdemos cerca de 1300 espaço-batedores, por motivos que não sabemos, pois não temos como recuperá-los. Ao implementarmos o modelo de Andries-Adria em nossos batedores, certamente o número de perdas será reduzido drasticamente, e nos possibilitará alcançar fronteiras ainda mais distantes.”

É claro que isto traz a inevitável pergunta, dar consciência a máquinas não é algo extremamente arriscado? Quais seriam as consequências disso?

Para o neurocientista, “podemos ficar tranquilos quanto a isso”. Em primeiro lugar os batedores terão acesso restrito às informações, a ideia é alimentarmos sua memória apenas até o ponto em que eles
dominem especificamente suas atividades, e nada além disso. Não será dada a ele nem mesmo a informação de que existem seres humanos, se isso não for severamente necessário a suas atividades. Em segundo lugar, no instante em que esses batedores cumprirem suas tarefas, serão prontamente desativados, e suas memórias apagadas.”

Apesar das palavras de tranquilidade do doutor Talan e de seus colegas, grupos contrários a este tipo de pesquisa têm demonstrado temor frente a esse projeto.

Alissa Campbell, presidente da ONG HumanWatch, afirma: “Nenhum dos responsáveis pode realmente garantir que essa tecnologia não fugirá ao controle, podemos estar diante da maior ameaça que a humanidade já sofreu, é imperativo que os governos de todos os países se posicionem
contrários a essas pesquisas”.

Apesar dos protestos, diversas companhias têm defendido a descoberta, e se demonstram bastante animadas com a implementação em suas naves. A chinesa TaiKong, uma das principais patrocinadoras privadas do projeto, afirmou que pretende lançar ao espaço seu primeiro batedor
“consciente” até o fim deste ano.

Quanto ao uso dessa nova máquina em ambientes habitados por humanos, os responsáveis pela pesquisa, tanto os cientistas, quanto seus patrocinadores, são unânimes em afirmar que esta tecnologia será usada apenas em viagens espaciais não tripuladas. Mas após longa conversa
com o doutor Kasper, ele confirmou acreditar que no longo prazo, ao se esgotarem “todos os testes possíveis de segurança”, que esta tecnologia “talvez possa, sim, ser usada em nosso ambiente”.

Frente à aparente inevitabilidade do avanço dessas pesquisas, só nos resta exigir de nossos governantes e dos conglomerados que os suportam, responsabilidade com o uso dessa nova descoberta. E caso um dia as máquinas venham a viver e a pensar entre nós, só nos resta
torcer para que estas tenham uma consciência mais avançada que a da maioria de nós, seres humanos.