Ruth Rendeiro |
Foram mais de dois anos amadurecendo como narrar uma parte de sua vida que a fazia sofrer ao relembrar, mas que acreditava ser fundamental deixar registrada. No início deste ano a jornalista Ruth Rendeiro deu por concluído o livro Até que o câncer nos separe. Uma narrativa que reúne textos e lembranças dos momentos em que ela tratava o câncer de mama e descobrem que seu marido, Manoel Dantas, está com um tipo de leucemia, via de regra, mortal. E foi. Três meses depois de diagnosticada, ele morreu.
Paraense, formada em Comunicação pela Universidade Federal do Pará, a autora há cinco anos mora no interior de São Paulo, mas escolheu Belém para lançar o seu primeiro livro. O evento, na Embrapa Amazônia Oriental, dia 5 de dezembro, às 16 horas, deverá reunir amigos, ex-alunos, e colegas que Ruth Rendeiro deixou em Belém. Há cinco anos ela mora no interior de São Paulo. Primeiro em São Carlos e há quatro em Ribeirão Preto.
Quando descobriu o câncer, em 2007, Ruth Rendeiro decidiu dividir a angústia com amigos e internautas. Criou o blog Minha História e diariamente postava as emoções que fizeram desse período um dos mais conturbados de sua vida. Ela comenta que mesmo sem saber, estava exercitando a terapia da escrita, uma forma de dividir o medo, as preocupações e os êxitos de quem vive situações como ter uma doença grave.
Junto com o medo, a jornalista teve que enfrentar as restrições de fazer o tratamento em Belém. O tumor, por ser pequeno, foi apenas extirpado e a mama preservada. A quimioterapia foi recomendada por alguns médicos e considerada irrelevante por outros. Enquanto se tratava, o marido, engenheiro da Embrapa, descobre que tem leucemia. A triste coincidência, as mudanças que as doenças trouxeram à vida deles, o sofrimento até a morte do companheiro, são os temas centrais do livro Até que o câncer no separe. Ruth Rendeiro, contudo, faz questão de ressaltar que não escreveu um compêndio sobre câncer ou um livro de autoajuda. “Escrevi principalmente pensando nos meus filhos que à época tinham 12 e 16 anos. Sei que com o passar do tempo eles esquecerão detalhes, passagens que, mesmo marcantes, serão engolidas pelos anos. Se algumas páginas emocionam, outras, contudo, fazem rir”.
Embora escreva desde sempre, como diz, e há 37 anos atue como jornalista, Ruth Rendeiro diz que não se sentia segura para escrever um livro. Resolveu então fazer o curso de especialização em Jornalismo Literário, em São Paulo, e, ainda em sala de aula, deu início àquele que espera ser seu livro de estreia. Saber, gostar e se dedicar à escrita não basta, assegura a jornalista que dá os primeiros passos como escritora. Para ela há técnicas que auxiliam, há uma metodologia que ajuda muito a organizar as ideias e o que poderia levar mais tempo para ser verbalizado, com o domínio de conhecimentos sobre o que se pretende escrever, toma forma mais rápido.
Ela optou em escrever o Até que o câncer nos separe em terceira pessoa como se estivesse observando as cenas e não participando delas e usando também o flash back com idas e vindas de momentos de um passado mais longínquo e passagens mais recentes. Misturou narrativas escritas especialmente para o livro com outros textos publicados na internet em seu blog. Um ir e voltar que pretende dar uma dinâmica maior à história. Uma história que retrata fielmente o que aconteceu. Uma característica que, ela faz questão de ressaltar, é um dos alicerces do jornalismo literário: a verdade acima de tudo. Assim como a humanização do texto com os sentimentos, o homem sendo mais relevante que os fatos. O inverso do jornalismo que se pratica no Brasil.
SERVIÇO
Lançamento do livro Até que o câncer nos separe
Autora: Ruth Rendeiro
Data: 5 de dezembro, a partir das 16 horas
Local: Embrapa Amazônia Oriental (Tv. Enéas Pinheiro c/ Av. Perimetral, Espaço Memória), Belém, PA
Exemplar: R$ 25,00 (e mais R$5,00 em caso de ser despachado pelo Correio)
Contatos da autora: ruth_rendeiro@yahoo.com.br e Ruth Rendeiro no Facebook
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