Vitória Leiria
Maria ia à feira toda quinta feira. Acordava cedo, caminhava, escolhia, comprava, voltava, separava, guardava, limpava, temperava, assava, servia, recolhia, lavava, guardava, olhava, conversava, suspirava, às vezes chorava, às vezes ria. Quase sempre escrevia.
Em seus contos sempre tinha um João, uma Maria, uma peixaria, um gato, um cachorro, um bonde, flores, vida, historias, mimos, carinhos, conversa, passeios, trabalho, namoro, família.
Seus personagens homens levantavam, bocejavam, barbeavam, banhavam, vestiam, comiam, ouviam, riam, gritavam, falavam, cortavam, vendiam, dormiam, apalpavam, ironizavam, gargalhavam, esbofeteavam, beijavam, lavavam, palitavam, roncavam. Suas personagens mulheres sonhavam, suspiravam, beijavam, amavam, acordavam, cozinhavam, lavavam, serviam, concordavam, olhavam, sorriam, comiam, lavavam, caminhavam, feiravam, se matavam, se estressavam, envelheciam, se consumiam. A peixaria ladrilhava, reluzia, sangrava, tilintava, odorizava. O gato eriçava, curvava, arranhava, desprezava, miava, avisava, machucava. O cachorro brigava, brincava, rebolava, sujava, protegia. O bonde subia, apitava, ajuntava, acolhia, esfumaçava, oleava, encarecia, judiava, descia, era o que ele fazia.
As flores perfumavam o jardim de Maria.
As historias levitavam a mente de Maria.
A família era a vida de Maria.
Dava mimos quando ganhava carinho.
Conversava e passeava quando não trabalhava,
Namoro só com o João.
Essa era a vida de Maria...
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