Cyro Brayner
— Me dá o ferro... Agora desemborca esse troço! – Ordenou.
— Espera, é pesado – retorquiu o menino.
— Assim, infeliz! Tem que ser rápido antes que alguém
chegue. Vê o que tem no bolso –
apontou.
— Olha, uma carteira... E... Um maço de cigarros...
— Passa pra cá... Opa, hoje tem!
— Quero um cigarro – disse o menino.
— Toma moleque... Tira logo o pisante desse playboy. Hummm...
Acho que cabe no meu pé!
— Quero ficar com o celular – falou o garoto. - É arretado!
— Que nada maloqueiro, vou vender essa bagaça... Vou encher
o bolso! Toma dez conto, pra
ser feliz!
— Eu só fico com merreca – queixou-se, cruzando os braços.
— Se oriente seu moleque, o ferro é meu e a ideia foi
minha... Eu fiquei de butuca no playboy
e dei o migué,você só fez meter fogo. Já ta até acostumado
né, diabo... Corre cão, os home já
tão aí!
— Perdeu, perdeu! Parado, filha duma mãe! – gritou o
policial.
— Mataram esse rapaz só pra roubar – lamentou outro policial
estalando a língua . -Esses
bandidinhos nojentos!
— Esse de menor aqui já era... Mas o outro ainda ta gemendo
ali, acho que também não
escapa... Duas mortes, vai dar bronca!
— Vai nada, vamo dá é o lavra daqui! Ninguém viu, ninguém
ouviu e ninguém nunca vai
saber... A gente ta longe da nossa área de policiamento. Vão
agradecer a Deus por menos duas almas sebosas no mundo – sorriu.
— E se o outro escapar? – indagou.
— Escapa não... Espera aqui... Ah, verifica se tem dinheiro
aí com esse moleque, pode ser que
pague pelo menos o nosso lanche!
— Pelo amor de Deus, seu guarda, me mate não... Eu me rendo,
me leve, home, me leve!
— Seu guarda é o escambau! Já era pra você, otário!
E disparou.
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