Deizimar Mendonça Oliveira
__ Meu amor, parabéns! Que você
cresça lindo e cada vez mais ajuizado!
__ Obrigado, tia!
__ Vamos, abra! Gostou?
__ Aham!
__ Quer que eu te mostre como
funciona?
__ Eu sei como funciona, tia,
obrigado! – Ainda sorrindo, correu até a janela, olhando para baixo e repetindo
o gesto a cada volta que dava na pequena sala do apartamento.
__ Sente-se aqui comigo. Conte-me
como vão as coisas.
__ Bem.
__ E na escola?
__ Tudo bem.
__ Aceita um refrigerante? –
intervém a mãe, sorriso largo no rosto.
__ Será que cheguei cedo? –
perguntou à mãe, franzindo a testa.
__ É claro que não, os outros é
que estão atrasados, você chegou até meio tarde. Olha aí, a campainha está
tocando.
__ Tio! – gritou o menino,
abraçando suas pernas e enroscando-se com ele.
__ Que bolo lindo! – ensaiou
dizer a tia, com um sorriso pálido. – Que alegria ver o seu tio, não é? Vocês
se veem sempre? – perguntou, agora virando-se para o menino, enquanto via o
homem se afastar rumo a cozinha, aos risos com a mulher – o que foi? Eu disse
algo errado? Por que está chorando, meu menino?
__ Eu não estou chorando!
__ Vamos, venha, sente-se aqui
com a tia. O que foi, meu amor, pode confiar em mim.
__ Ele disse a verdade – e
choramingando – ele disse que ninguém viria!
__ O quê? Do que está falando,
meu amor?
__ O Leandro, ele disse que
falaria para os meus amigos não virem.
__ Mas quem é Leandro, por que
ele faria isso?
__ Ele disse que sou esquisito,
que tenho cara de cegonha e que avisaria os meninos para não falarem mais
comigo.
__ Mas isso é um absurdo! Sua mãe
sabe disso?
__ Ela não pode saber – disse com
uma voz quase inaudível – ela ficaria muito triste. Por favor – suplicou,
juntando as mãozinhas – prometeu que não contaria para ela. Mamãe! - gritou o menino, enxugando os olhos
com os dedos miúdos – Você tem certeza de que convidou todo mundo?
__ O que, meu filho? – disse a
mãe, irrompendo na sala, já com os olhos marejados – Você me jurou que faria
isso, sabe que a mamãe é ocupada! Eu... Eu deveria ter faltado ao trabalho...
__ Ah, mãezinha, foi até melhor,
assim podemos comer o bolo só nós.
__ Não seja mal-educado, João
Victor! Compartilhar é que faz a gente feliz!
__ Desculpe, mamãe.
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