Simone Bauer
No colégio, no ensino médio, a professora de ciências, com seu vestido de crochê, ficava no fundo da sala, pitando.
Na faculdade – que felicidade – o cigarro era permitido na sala de aula, não só para os professores mas – coisa inacreditável - para os próprios alunos. Era aquela fumaceira na sala, nos corredores, no saguão... E ninguém reclamava!
Varar noites estudando sem a companhia de uma carteira de Marlboro, Hollywood ou LM era inconcebível. Inconcebível também era passar a noite na festa – qualquer festa onde houvesse bebida alcóolica – sem voltar para casa e precisar lavar roupa e cabelo no dia seguinte por conta da morrinha que neles se impregnava.
No restaurante se fumava, no teatro se fumava, acho que até no cinema se fumava...
Tempos depois, já trabalhando, existiam as salas dos fumantes e dos não-fumantes, pois, nessa época, já existiam reclamações dos colegas não adeptos.
Difícil mesmo foi quando todos passaram a compartilhar um único recinto...
O politicamente correto escanteou os fumantes inicialmente para os “fumódromos” e, depois, sem qualquer cerimônia, para a rua mesmo. Passamos a protagonizar, de uma forma particular e totalmente século XXI, nosso próprio comercial de cigarros: só em ambientes externos, porém sem glamour. Ouvi dizer que estão pensando em proibir o fumo ao ar livre – parece que já existe legislação nesse sentido nos EUA e no Japão (ou seria na China?), onde os fumantes devem se apertar em cabines, parecidas com banheiros químicos, único lugar público onde lhes é permitido desfrutar do prazer proibido de um cigarrinho.
De qualquer modo, acho que, mesmo que proibam fumar na calçada, não vão nos encontrar aqui no alto.
Me consegue fogo?
Nenhum comentário:
Postar um comentário