Era uma vez, um gato com asas. Miguel sonhara com ele desde pequeno e conseguiu torná-lo realàs vésperas de seu nonagésimo aniversário, quando celebrava a chegada do século XXII apoiado em sua bengala de titânio russo. Agora, satisfeito, descansava sentado na varanda magneticamente flutuante sobre o quintal, observando o gato voar assustado, fugindo da imagem de seus bisnetos. Estalando os dedos,chamou o gato que foi seguido pelos meninos. O primeiro aninhou-seem seu colo enquanto as crianças sentaram-se no chão e pediram ao Biso Guel para lhes contar a história de Ícaro, o gatinho.Era uma vez, um gato com asas. Miguel sonhara com ele desde pequeno e conseguiu torná-lo realàs vésperas de seu nonagésimo aniversário, quando celebrava a chegada do século XXII apoiado em sua bengala de titânio russo. Agora, satisfeito, descansava sentado na varanda magneticamente flutuante sobre o quintal, observando o gato voar assustado, fugindo da imagem de seus bisnetos. Estalando os dedos,chamou o gato que foi seguido pelos meninos. O primeiro aninhou-seem seu colo enquanto as crianças sentaram-se no chão e pediram ao Biso Guel para lhes contar a história de Ícaro, o gatinho.
Miguel, então, abriu o sorriso de sempre e contou
a história começando com “era uma vez um menino que sonhava com um gato com
asas”. O menino morava em um apartamento na Tijuca, com a mãe, a avó e o gato
Gepeto, no décimo quinto andar de um prédio sem área de lazer, mas, da janela
da sala, se podia ver uma fatia pequena do quintal da única casa da rua.Carmem,
a mãe, era geneticista e trabalhava, sem medir dias e horas, em um laboratório
de pesquisas de plantas transgênicas. Elabuscava a produção de alimentos ricos
em anticorpos que dispensassem as vacinas.O menino não entendia muito bem o que
a mãe não tinha tempo para lhe explicar, explicações eram com a avó Doralice.
Ela dizia que o trabalho da mãe era inventar um feijão com uma vacina contra a
dengue. Assim, as mães, ao invés de darem vacinas aos seus filhos, dariam
feijões.
O menino não gostava de feijão, tanto quanto não
gostava das agulhas de injeção e, por isso, achava que sua mãe deveria criar
alguma coisa mais interessante, como um gato de asas que pudesse darumas
voltinhas voando. Quando Miguel contou sua ideia para mãe, ela disse que não
tinha tempo para brincadeiras, pois precisava salvar a vida de algumas
crianças. Eassim, o menino continuou preso no décimo quinto andar, olhando a
vida de longe enquanto alisava os pelos de Gepeto. O tempo passou, o menino
estudou e se tornou geneticista, quase como sua mãe. Ele não foi trabalhar com
vacinas e feijões transgênicos, mas sim em um laboratório de clonagem que
prometia devolver ao dono de um animal falecido outro igualzinho, mediante o
pagamento substancial de uma determinada quantia. A mãe do menino morreu de
desgosto por ver o filho gastar ciência em modismo. O que ela não sabia era que
ele tinha o plano de fazer uma rica poupança para financiar o seu próprio
projeto: um gato com asas. Por décadas,
o menino crescido driblou várias crises financeiras, guardou seu dinheiro, fez
da ciência, sua vida, investiu em tecnologia e montou um laboratório particular
no quintal da própria casa. Já adulto,casou, teve um filho chamado Heitor e uma
neta chamada Iara, que morava em Portugal com os filhos Pedro e João. Depois de
uma vida de trabalho, quando já não era mais menino, e sim um bisavô, finalmente
realizou o sonho de criança e, de seu laboratório, nasceu Ícaro, o gato sem
botas e com asas.
Como sempre acontecia ao final da história, as
crianças riram e aplaudiram. Depois saíram para brincar com o gato, já
descansado. Iara, que ouvira o final da história, sentou-se ao lado do avô e
perguntou:
- Resolveu aceitar o prêmio de geneticista do ano,
vovô? Sabe como Ícaro e o senhor estão famosos, não sabe?
- Não vou. Agora prefiro os feijões.
Iara permaneceu ao seu lado, lamentando que a
holografia aproximasse distâncias sem permitir o calor do abraço.
Miguel, então, abriu o sorriso de sempre e contou
a história começando com “era uma vez um menino que sonhava com um gato com
asas”. O menino morava em um apartamento na Tijuca, com a mãe, a avó e o gato
Gepeto, no décimo quinto andar de um prédio sem área de lazer, mas, da janela
da sala, se podia ver uma fatia pequena do quintal da única casa da rua.Carmem,
a mãe, era geneticista e trabalhava, sem medir dias e horas, em um laboratório
de pesquisas de plantas transgênicas. Elabuscava a produção de alimentos ricos
em anticorpos que dispensassem as vacinas.O menino não entendia muito bem o que
a mãe não tinha tempo para lhe explicar, explicações eram com a avó Doralice.
Ela dizia que o trabalho da mãe era inventar um feijão com uma vacina contra a
dengue. Assim, as mães, ao invés de darem vacinas aos seus filhos, dariam
feijões.
O menino não gostava de feijão, tanto quanto não
gostava das agulhas de injeção e, por isso, achava que sua mãe deveria criar
alguma coisa mais interessante, como um gato de asas que pudesse darumas
voltinhas voando. Quando Miguel contou sua ideia para mãe, ela disse que não
tinha tempo para brincadeiras, pois precisava salvar a vida de algumas
crianças. Eassim, o menino continuou preso no décimo quinto andar, olhando a
vida de longe enquanto alisava os pelos de Gepeto. O tempo passou, o menino
estudou e se tornou geneticista, quase como sua mãe. Ele não foi trabalhar com
vacinas e feijões transgênicos, mas sim em um laboratório de clonagem que
prometia devolver ao dono de um animal falecido outro igualzinho, mediante o
pagamento substancial de uma determinada quantia. A mãe do menino morreu de
desgosto por ver o filho gastar ciência em modismo. O que ela não sabia era que
ele tinha o plano de fazer uma rica poupança para financiar o seu próprio
projeto: um gato com asas. Por décadas,
o menino crescido driblou várias crises financeiras, guardou seu dinheiro, fez
da ciência, sua vida, investiu em tecnologia e montou um laboratório particular
no quintal da própria casa. Já adulto,casou, teve um filho chamado Heitor e uma
neta chamada Iara, que morava em Portugal com os filhos Pedro e João. Depois de
uma vida de trabalho, quando já não era mais menino, e sim um bisavô, finalmente
realizou o sonho de criança e, de seu laboratório, nasceu Ícaro, o gato sem
botas e com asas.
Como sempre acontecia ao final da história, as
crianças riram e aplaudiram. Depois saíram para brincar com o gato, já
descansado. Iara, que ouvira o final da história, sentou-se ao lado do avô e
perguntou:
- Resolveu aceitar o prêmio de geneticista do ano,
vovô? Sabe como Ícaro e o senhor estão famosos, não sabe?
- Não vou. Agora prefiro os feijões.
Iara permaneceu ao seu lado, lamentando que a
holografia aproximasse distâncias sem permitir o calor do abraço.
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